Atividades levam o debate sobre a violência de gênero a estudantes goianos(as)
No dia 14 de março, a psicóloga Thais Freitas, articuladora jovem do ‘Fortalece PSE!’, ministrou uma palestra a estudantes do Centro de Ensino em Período Integral (CEPI) Professor Pedro Gomes, em Goiânia (GO). A ação educativa marcou o início do calendário 2025 do Projeto Maria da Penha nas Escolas, que vai percorrer instituições de ensino da capital goiana para promover o diálogo sobre a violência de gênero.
O projeto foi idealizado pela pedagoga Manoela Barbosa, que há mais de uma década atua como professora, palestrante e gestora de projetos nas áreas da educação, cultura e meio ambiente. Ela conta que a inspiração veio ao se deparar com a demanda por conteúdos referenciais sobre a violência contra a mulher que pudessem ser utilizados na formação de profissionais da educação, capacitando-os a desenvolver ações pedagógicas com crianças e adolescentes.
Um edital público do governo de Goiás foi a oportunidade para que Manoela desenvolvesse um roteiro e submetesse uma proposta de história em quadrinhos para abordar o tema. A obra, ilustrada por Zaia Ângelo, conta a história de Maria da Penha, farmacêutica que foi vítima de violência doméstica e virou referência no movimento em defesa dos direitos das mulheres no Brasil. As primeiras edições foram impressas em 2022 e, de lá para cá, já foram distribuídos mais de 32 mil exemplares, em diferentes estados do Brasil, incluindo versões ampliadas e em braile, destinadas à pessoas com baixa visão ou deficiência visual.
“Em 2024 lançamos a nossa segunda edição, atualizada a partir das experiências de diálogos nas escolas e entendendo que precisávamos incluir outros temas na história que não eram necessariamente as cinco tipificações de violência da Lei 11.340 de 2006, a Lei Maria da Penha”, conta Manoela. “Atualizamos o material e lançamos uma versão mais ampla, voltada para crianças a partir de 10 anos de idade, com a inclusão dos temas tráfico de mulheres, violência obstétrica, violência institucional, assédio, violência em ambiente virtual, violência racial, entre outros”, complementa a pedagoga.
A distribuição do material faz parte das ações desenvolvidas na capital goiana este mês, que incluem, ainda, a realização de rodas de conversa. Na palestra do CEPI Professor Pedro Gomes, a articuladora de juventude do ‘Fortalece PSE!’ Thais Freitas dividiu a fala com Patrícia Silva, também coordenadora pedagógica do Maria da Penha nas Escolas. Patrícia abordou a história da militante que dá nome ao projeto e as tipificações de violência. Thais, por sua vez, falou aos(às) estudantes sobre o feminino como uma construção social e os impactos psicológicos desse processo.
Para Thais Freitas, ter contato com um material que dialoga com o público estudantil de forma lúdica, em linguagem acessível e com resultados eficazes pode contribuir com o desenvolvimento dos conteúdos pedagógicos do ‘Fortalece PSE!’ destinados à formação de Agentes Promotores da Saúde, Cultura, Ciência e Cidadania. Estes instrumentos formativos estão em fase de concepção e sua elaboração contará com apoio dos(as/es) jovens mobilizadores(as) estaduais aprovados recentemente em um processo seletivo.
A psicóloga destaca, ainda, a importância de poder dialogar com a comunidade escolar, ouvir relatos, sanar dúvidas e compreender como tem se dado o debate sobre a violência de gênero nas instituições de ensino brasileiras. “E, ainda, levar a estes estudantes o que é o ‘Fortalece PSE!’, o que é o Programa Saúde na Escola, o que podem esperar e como podem contribuir. Levar para eles um pouco de esperança de que a escola pode e deve ser um espaço de cuidado e promoção da saúde mental feminina, da igualdade de gênero”, complementa Thais Freitas, que ressalta também a necessidade de abordar os impactos do machismo e da violência de gênero nas saúdes emocional, mental e física dos meninos.
Manoela Barbosa também destaca a importância da parceria para o Maria da Penha nas Escolas e para o fortalecimento das ações de prevenção e educação da violência de gênero que a equipe do projeto vem desenvolvendo. “A possibilidade de integrar o ‘Fortalece PSE!’ e o PSE é um caminho de seguir ampliando o nosso trabalho, contribuindo com a multiplicação de jovens e profissionais de Educação, somada a experiência de uma equipe solidária e comprometida com a transformação educacional e social”, ressalta.
Educação e fortalecimento da cidadania
Para a coordenadora pedagógica do Maria da Penha nas Escolas, o balanço das atividades é positivo. “Quanto mais cedo conscientizamos as meninas do que devem saber, meninos do tipo de comportamento e ações que não devem fazer, mais contribuímos com a Educação e esperamos, acreditamos, que os índices de violência poderão ser diminuídos e mais mulheres terão direitos exercidos em uma vida distante da violência doméstica”, argumenta Manoela Barbosa.
A pedagoga ressalta, ainda, o papel das escolas na construção da cidadania, no fortalecimento de direitos e no desenvolvimento de uma consciência coletiva sobre o tema. “Nossa expectativa é seguir, seguir sempre em frente, alcançando cada vez mais pessoas. Assim nossas ações do calendário de março alcançarão oito mil novas pessoas e em agosto, no mês de aniversário da Lei Maria da Penha, esperamos dobrar esse alcance. Um trabalho que precisa de muitas parcerias e de multiplicação”, complementa Manoela.
Realizadas com apoio do Tribunal de Justiça de Goiás, as atividades iniciadas no dia 14 seguem até 21 de março. No dia 20, Thais Freitas representa o ‘Fortalece PSE!’ em outras duas palestras, nos CEPIs Lyceu de Goiânia e José Honorato. A programação completa pode ser conferida aqui.
